A Região Nordeste do Brasil, possui um litoral com mais de três mil quilômetros de extensão. Ao longo desse litoral, encontram-se as restingas e os tabuleiros costeiros, formações vegetais datadas do Quaternário e Terciário, respectivamente. Não se conhece ao certo essas vegetações como um todo, no sentido de compartilhamento de espécies entre ambos os ecossistemas, bem como a origem dessas espécies, no que diz respeito aos Biomas. Portanto, o objetivo geral do presente estudo é comparar o grau de similaridade florística entre a flora lenhosa que ocorre nas restingas e nos tabuleiros costeiros da Região Nordeste e analisar a distribuição fitogeográfica das espécies encontradas, bem como analisar o histórico de pesquisas botânicas realizadas em tabuleiros no Brasil e verificar a evolução do uso dos solos no Distrito Irrigado Tabuleiros Litorâneos do Piauí. As metodologias utilizadas foram: pesquisa bibliográfica para obter o número de trabalhos científicos realizados nos tabuleiros do Brasil; análise do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada para verificar a evolução territorial do Distrito Irrigado Tabuleiros Litorâneos do Piauí; índice Jaccard e escalonamento multidimensional não-métrico para mensurar a similaridade florística entre as restingas e tabuleiros do Nordeste, esses dados foram obtidos através de prévio levantamento bibliográfico para a montagem de uma lista de espécies bem como consulta ao portal Flora do Brasil 2020 para obter dados de ocorrência dessas espécies em Biomas brasileiros. Nos 13 estados que apresentam os tabuleiros litorâneos, foram encontrados 23 estudos nas últimas duas décadas. Artigos científicos (65,2%) e capítulos de livros (21,7%) foram o principal meio utilizado pelos pesquisadores para divulgarem seus resultados, sendo que nenhuma publicação foi encontrada tendo Estados da Região Norte como área de pesquisa. Foi constatado que a área destinada a agricultura no Distrito Irrigado Tabuleiros litorâneos do Piauí vem crescendo ao longo do tempo, muito embora tenha tido alguns anos de crescimento zero, os dados demonstram ainda que além do incremento de tamanhão, o Distrito apresenta também aumento de produtividade. Foram identificados através de pesquisa bibliográfica 72 pontos amostrais onde foram encontradas 1254 espécies de plantas lenhosas nas restingas e tabuleiros do Nordeste, essas espécies estão divididas em 471 gêneros e 101 famílias botânicas, Fabaceae foi a famílias mais frequente, ocorrendo em 100 % dos 72 pontos amostrais, seguida por Anacardiaceae (83,33 %), Malpighiaceae (81,94 %) e Myrtaceae (81,94 %). Os quatro gêneros mais frequentes foram Byrsonima (81,84 %), Ouratea (70,93 %), Anacardium (68,05 %) e Myrcia (66,66 %). As quatro espécies mais frequentes foram Anacardium occidentale (68,5 %), Guettarda platypoda (44,44 %), Manilkara salzmannii (43,05 %) e Eugenia punicifolia (40,27 %). Os dados demonstraram que a maioria das espécies vem da Mata Atlântica que teve também o maior número de espécies endêmica, o segundo Bioma com maior número de espécies endêmicas foi a Amazônia, corroborando com hipóteses que afirmam que esses dois Biomas já estiveram unidos. O dendrograma e o diagrama resultante do escalonamento multidimensional não-métrico desmontaram ainda que as restingas e tabuleiros do Nordeste formam um complexo mosaico onde há grande compartilhamento de espécies.