A urbanização rápida e desordenada sem o devido planejamento e desenvolvimento de uma infraestrutura adequada, especialmente a de saneamento, ocasiona consequências diretas ao espaço urbano, promovendo impactos negativos a qualidade dos recursos hídricos e a saúde da população. A Lei das Águas estabelece a bacia hidrográfica como unidade gestão dos recursos hídricos, visando o estudo de todos os aspectos qualitativos e quantitativos que interferem na sua dinâmica. Este trabalho objetivou realizar uma análise morfométrica e ambiental de uma microbacia urbana inserida na sub-bacia PE-09, na cidade de Teresina-PI. A microbacia foi delimitada e caracterizada quanto aos seus aspectos morfométricos, físicos, demográficos e de uso e ocupação das terras. A qualidade das águas da microbacia foi determinada com periodicidade mensal, em seis pontos de coleta, no período de dezembro de 2018 a novembro de 2019. Os resultados foram interpretados frente aos limites estabelecidos pela resolução CONAMA 357/2005 e ao Índice de Qualidade de Água - IQA (CETESB), observando a sazonalidade no período de estudo. A correlação entre a saúde pública e saneamento na microbacia foi realizada a partir da incidência de doenças de veiculação hídrica, que teve como base de dados as notificações de agravos disponibilizadas pela Fundação Municipal de Saúde da cidade. A caracterização da microbacia hidrográfica identificou uma área total de 184,76 ha, perímetro de 6.496 metros com densidade demográfica de 87,09 hab./há indicando uma região densamente ocupada e com baixa cobertura de rede de esgoto. Os aspectos morfométricos indicaram uma suscetibilidade da microbacia a eventos de enchentes e inundações. A qualidade da água revelou as variáveis E. coli, DBO, OD e fósforo total com a maior quantidade de valores em não conformidade com a legislação, tendo o ponto à montante da microbacia (P0) apresentado a maior degradação, devido este receber as águas de drenagem de uma área ausente de saneamento. O ponto de exutório da microbacia apresentou os melhores resultados de qualidade de água, demonstrando a capacidade de autodepuração do corpo hídrico. A análise do efeito da sazonalidade demonstrou melhoria da qualidade das águas durante a estação seca associada a redução dos valores de E. coli e DBO. Os aspectos de saúde na microbacia indicaram uma relação entre as condições ambientais e a incidência de doenças de veiculação hídrica, demonstrando uma vulnerabilidade da população residente na área quanto a essas doenças. Os resultados revelam que a incidência das arboviroses na microbacia decorre principalmente das condições de ocupação da área e para as doenças diarreicas agudas o fator determinante é a degradação da qualidade da água, que tem como fonte a carência de serviços de saneamento evidenciada na área. A região da microbacia demonstra necessidade de implantação de infraestrutura adequada com evolução dos serviços de saneamento, tendo em vista a melhoria da qualidade das águas e das condições ambientais da área.
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