Essa pesquisa teve enfoque as vespas sociais (Vespidae: Polistinae), conhecidas popularmente por marimbondos e cabas no Brasil, país com a maior diversidade de espécies do mundo. Objetivamos identificar o conhecimento e percepção de estudantes do ensino superior sobre as vespas sociais, bem como, sua distribuição e a composição de espécies no Nordeste e em uma fitofisionomia única da região, a Mata dos Cocais. Para tanto, essa pesquisa foi dividida em três fases entre novembro de 2019 a junho de 2021: a primeira foi focada na coleta de espécies de vespas em uma área de Mata de Cocais localizada no município de Timon/Maranhão durante novembro de 2019 a março de 2020, com uso de busca ativa e armadilhas com líquidos atrativos; a segunda foi focada em levantamentos bibliográficos de artigos sobre ocorrência de vespas sociais no nordeste brasileiro e usos de vespas por comunidades tradicionais do país; o último foi concentrado em pesquisa qualitativa exploratória etnoentomológica dos estudantes do curso de agronomia da Universidade Federal do Piauí através de formulários semiestruturados. Os resultados da revisão dos estudos de diversidade no Nordeste indicam que cerca de 1/3 da biodiversidade de vespídeos do país tem registros também na região, o que contrapõe a hipótese de baixa biodiversidade de vespas devido à composição florística nordestina. Em inventário rápido 14 espécies foram encontradas em área de Mata de Cocais, com predominância da tribo Epiponini e da espécie Agelaia pallipes; típicas tanto do Cerrado, quanto da Floresta Amazônica maranhense. Os estudantes conhecem, percebem e classificam as vespas sociais, com percepção ambiental a insetos, em geral, positiva principalmente por reconhecerem sua importância para manutenção da agricultura, ecossistema e utilização como controlador biológico de pragas. Algumas comunidades tradicionais brasileiras, em especial nordestinas, percebem positivamente as vespas e as utilizam para diferentes finalidades, principalmente, como alimento, com consumo dos imaturos (larvas e pupas) e mel, e terapêutico com o uso do ninho para preparação de chás, xaropes e infusões, outros usos como o religioso, decorativo, previsão do clima, lúdico e iscas para pesca também são citados. Em suma, há potencial farmacológico nos ninhos de vespas e portanto devem ser melhor investigados; o medo dos estudantes em ser ferroado é o principal fator que leva ao ataque e destruição de adultos e ninhos e desgosto para com os marimbondos, independentemente do grau de curso que estão e percepção positiva; o Nordeste brasileiro apresenta uma alta diversidade de espécies de vespas e regiões com potencial para estudos taxonômicos como estado da Bahia e biomas poucos explorados como a Floresta Amazônica.