As relações de dependência entre humanos e a fauna silvestre existe há muito tempo. Estudos etnozoológicos tem contribuído cada vez mais para um melhor entendimento desse cenário. Animais são capturados e destinados para diferentes fins, como fonte de alimentação, medicamentos ou mesmo para fins comerciais. Diante disso, nosso trabalho busca identificar as famílias e espécies mais exploradas para diferentes finalidades nos biomas Caatinga e Cerrado através de um levantamento bibliográfico e, verificar os usos e interesse comercial de animais silvestres pela população rural e urbana do município de São Félix, estado do Piauí. Aqui foram desenvolvidos dois trabalhos, que serão apresentados em forma de capítulos. O primeiro, foi uma revisão bibliográfica envolvendo artigos que abordavam o uso da fauna silvestre na caatinga e no cerrado brasileiro. Utilizamos um conjunto de palavras-chave e, após a coleta de dados, aplicamos métodos de estatística descritiva e calculamos a riqueza de espécies. Já para a construção do segundo trabalho, estão sendo aplicados questionários semiestruturados nas comunidades rurais e urbanas do município de São Felix, Piauí, a fim de se verificar dados socioeconômicos, bem como, caracterizar o uso de animais silvestres na atividade cinegética. Além disso, estamos realizando conversas informais e acompanhamento de campo com os caçadores. Posteriormente, serão realizadas análises estatísticas mais complexas utilizando análise exploratória, matriz de escalonamento multidimensional e análise de variância permutacional multivariada a fim de alcançar os objetivos propostos. Os resultados da revisão mostram uma pressão acentuada sobre a avifauna, principalmente na Caatinga, sendo as famílias Thraupidae e Psittacidae as mais representativas. De acordo com os dados parciais do capítulo ll, observamos 13 espécies reportadas pelos caçadores locais, sendo 6 aves e 7 mamíferos. As espécies mais citadas foram: tatu- verdadeiro (Dasypus novemcinctus), mambira (Tamandua tetradactyla) e peba (Euphractus sexcinctus). Com relação à caracterização da caça, vimos que maioria dos caçadores praticam a atividade desde cedo e disse não fazer uso para fins medicinais e comércio. No entanto, todos utilizam os animais capturados na alimentação. A maioria dos entrevistados disse que as espécies estão diminuindo, que a caça tem contribuído para tal fato e que é importante pensar na manutenção dessas espécies. Considerando a incidência da caça furtiva, é importante ampliar os estudos etnozoológicos e, consequentemente promover estratégias de conservação das espécies.