O estudo de moscas-das-frutas está mais voltado para as áreas agrícolas devido a sua importância econômica, enquanto, em áreas nativas a bioecologia sobre moscas-das-frutas carecem de mais conhecimentos. Outro fator importante, são os estudos etnoentomológicos, que podem auxiliar nas técnicas de manejo, reduzindo os impactos ao meio ambiente, favorecendo às questões de biodiversidade e possibilitando a valorização econômica. Assim, objetivou-se estudar a dinâmica populacional de A. ethalea Walker, como também conhecer a percepção de moradores da zona rural do município de São Pedro do Piauí-PI em relação as moscas-das-frutas. As coletas foram realizadas de agosto 2021 a novembro 2022 na localidade, "Sítio das Palmeiras", no município de São Pedro do Piauí-PI, por meio de armadilhas McPhail contendo 300ml de proteína hidrolisada de origem animal, CeraTrap. Também foi procedida a coleta de frutos maduros de seis espécies: acerola (Malpighia emarginata DC.), ameixasilvestre (Ximenia americana L.), bacupari (Garcinia cochinchinensis (Lour.) Choisy) cajá (Spondias mombin L.), ceriguela (Spondias purpurea L.) e maracujá-doce (Passiflora alata Curtis), que posteriormente foram armazenados em bandejas plásticas contendo 4 cm de areia peneirada e úmida, envolvidas com tecido voile, devidamente etiquetadas, aguardando o desenvolvimento larval para a obtenção dos pupários. Após a emergência, os adultos foram inativados, quantificados e conservados para posterior identificação. Em março 2022 a setembro 2022 foi realizado os estudos etnoentomológicos, no povoado Pedras, na zona rural do município de São Pedro do Piauí-PI, por meio dos métodos de rapport, diário de campo e entrevistas com formulários semiestruturados, utilizando-se a técnica do check list e teste projetivo. Participaram da pesquisa 117 moradores que versava sobre a percepção em relação as moscas-das-frutas. Ao todo foram coletados nas armadilhas 1.609 moscas, 586 machos e 1.023 fêmeas, dentre elas: A. obliqua Macquart (76,5%); A. ethalea (16,8%); A. alveata Stone (4,2%); A. zenildae Zucchi (0,8%); A. fraterculus Wied. (0,6%); Anastrepha sp. (0,4%); A. lutzi Lima (0,3%) / A. sororcula Zucchi (0,3%) e A. striata Schiner (0,1%). Nos frutos, houve ocorrência de A. alveata (ameixa-silvestre), A. obliqua (cajá e ceriguela) e A. ethalea (maracujádoce), excetos nos frutos de bacupari e acerola, sem infestação. Diante disso, A. obliqua foi a mais abundante, com picos populacionais em dezembro 2021, janeiro e novembro 2022. Seguida por A. ethalea, com ocorrência por todos os meses do estudo, sendo os meses de outubro 2021, janeiro e julho 2022 os de maiores incidência da espécie. A. alveata apresentou picos populacionais elevados em outubro e novembro 2021. Esse foi o primeiro registro de hospedeiro para espécie de A. ethalea no Brasil, bem como, a primeira ocorrência de A. lutzi no estado do Piauí. Em relação aos estudos etnoentomológicos, os moradores do povoado Pedras demonstraram conhecer as moscas-das-frutas, manifestando um sentimento de repulsa, por se tratar de uma praga. Em sua maioria não aplicavam técnicas de combate as pragas dos frutos, bem como, apesar da maior parcela dos entrevistados serem escolarizados, observou-se que não detinham o conhecimento sobre a importância dos insetos para o ambiente. Assim como, os conhecimentos sobre as espécies-pragas foram adquiridos por experiências cotidianas.