As alterações na superfície terrestre, resultantes das modificações no uso e cobertura do solo, têm sido amplamente reconhecidas como desencadeadoras de degradação na qualidade da água e de outras preocupações ambientais. Devido à intensa interação antrópica com o meio ambiente, as configurações de uso e cobertura da terra passam por mudanças constantes, seja devido ao desmatamento, atividades econômicas que impactam diretamente os recursos hídricos, ocupações irregulares, entre outros fatores. Com o objetivo de contribuir para a discussão sobre as dinâmicas e transformações nas bacias hidrográficas do estado do Piauí, este estudo objetivou realizar uma análise temporal do uso e ocupação da terra na Região Hidrográfica dos Rios Canindé-Piauí (RHCP), compreendendo o período de 1985 a 2020. Foram selecionados alguns dos principais reservatórios superficiais para a análise das condições de conservação em seus arredores, buscando identificar possíveis indícios de risco à segurança hídrica. A análise do uso e ocupação do solo na área da Região Hidrográfica dos Rios Canindé-Piauí foi conduzida através do geoprocessamento de arquivos em formato raster, produzidos e disponibilizados pelo Projeto MapBiomas. Esses arquivos abrangem todo o território brasileiro. Para delimitar a área de pesquisa, produzir mapas e extrair dados quantitativos, utilizou-se o software QGIS 3.22.3. Visando aprimorar a eficiência das análises, foi realizada uma discretização da Região Hidrográfica dos Rios Canindé-Piauí utilizando dados do Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), resultando em três Sub-bacias. A análise dos resultados demonstra uma distribuição diversificada das classes ao longo da Bacia Hidrográfica dos Rios Canindé-Piauí. No período de 1985 a 2020, ocorreu um aumento considerável da área urbana e uma redução na quantidade de água superficial disponível. A porção nordeste da região apresentou a maior alteração na dinâmica natural, com um considerável aumento de atividades agropecuárias. Apesar das mudanças em algumas classes, a área ocupada pelas vegetações nativas praticamente não sofreu alterações, indicando um predomínio de transformações de uso nas áreas já impactadas pela atividade humana. Os arredores de alguns reservatórios utilizados para abastecimento humano mostram alterações consideráveis em seus entornos, com uma forte supressão da vegetação nativa, alterações que podem resultar em graves problemas socioambientais para a região. Isso evidencia que as ferramentas relacionadas ao sensoriamento remoto constituem uma boa opção para auxiliar na gestão de recursos naturais, bem como na identificação de potenciais ameaças à segurança hídrica.