APROPRIAÇÃO SOCIAL DE LUGAR E A QUESTÃO DA SUSTENTABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: ESTUDO DO ASSENTAMENTO RURAL VALE DA ESPERANÇA EM TERESINA- PI
Apropriação de lugar, assentamento rural, identidades, sustentabilidade socioambiental, juventude.
A apropriação do espaço é conceito da Psicologia Ambiental em estreita
relação com a Psicologia Social que possibilita compreender os vínculos elaborados
entre as pessoas e os espaços, como também a identidade relacionada ao lugar. O espaço
apropriado, tornado lugar, promove comportamentos ecológicos responsáveis e de
cuidado ambiental cuja proposta se aproxima da noção de participação e cidadania,
sendo indispensável para a sustentabilidade socioambiental de uma comunidade. Uma
das formas de apropriação do espaço ocorre por meio dos assentamentos rurais. A
sustentabilidade dos assentamentos, por sua vez, é complexa, articulando várias
dimensões. O ecossistema influencia diferenças entre assentamentos, podendo
inviabilizar economicamente o empreendimento. Existe também uma diversidade
cultural da população dentro dos assentamentos com diferentes experiências de
enfretamentos históricos e projetos de vida. A desarticulação política e social, enquanto
falta de objetivo superior comum, dificulta a participação na gestão e nos resultados
comuns. Outra dimensão importante é a continuidade temporal dos assentamentos,
enquanto garantia de permanência dos jovens no campo e a sucessão hereditária da
agricultura camponesa. Nessa perspectiva, esta pesquisa tem o objetivo de compreender
o desdobramento da apropriação do espaço realizada pelos moradores do Assentamento
Vale da Esperança, organizado pelo MST, localizado na zona rural de Teresina, na
questão da sustentabilidade socioambiental. Para tanto, nas visitas periódicas de campo,
foram realizadas conversas informais, buscando conhecer o cotidiano do assentamento,
com anotações em diário de campo. Além disso, foram realizadas entrevistas com duas
estratégias distintas. As entrevistas individuais, feitas com dez moradores, tinham como
perspectiva captar as demais dimensões da sustentabilidade socioambiental: política,
socioeconômica e ambiental. Já as entrevistas com o grupo focal, realizadas
coletivamente com os jovens, tinha-se como objetivo compreender a dimensão
temporal. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas para uma Análise de
Conteúdo Temática. Os resultados indicam que a história do grupo de inserção na terra
ou de atividades no próprio assentamento, como também a agrovila em formato girassol
foram importantes no tocante a sustentabilidade no que diz respeito às práticas
sustentáveis, construção de identidade vinculada com a terra e permanência dos jovens
no assentamento. Além disso, é relevante a participação de mediadores sociais, em
especial do MST e das Escolas Famílias Agrícolas, relacionadas ao cuidado e
implicação com seu ambiente de trabalho e moradia.