A AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO NA ZONA URBANA DE CAMPO MAIOR-PI
Qualidade da água. Consumo Humano. pORTARIA 214/2011
A zona urbana do município de Campo Maior – PI, localizado a 84 km de Teresina,
com uma população de 33.521 mil habitantes, é servida pelo Sistema de Abastecimento
de Água e Esgoto (SAAE), cuja fonte de suprimento d’água para consumo humano é o
manancial subterrâneo da bacia hidrográfica do Parnaíba, composto pelo aquífero Poti-
Piauí. Devido ao risco de alteração inerente à áreas urbanas, tal aquífero necessita de
avaliação e monitoramento contínuos, posto que existe o risco de contaminações que
pode comprometer a qualidade da água para o consumo humano, seja em decorrência da
própria composição pedológica da região e/ou problemas na captação, no
armazenamento e distribuição, deixando a população suscetível a doenças de veiculação
hídrica. O objetivo desta pesquisa foi avaliar a qualidade da água para consumo humano
na zona urbana no município de Campo Maior – PI, com base no monitoramento
realizado nos meses de janeiro a junho de 2014, verificar a relação da qualidade com o
sistema de abastecimento utilizado, seu nível de manutenção, a situação higiênica dos
estabelecimentos e a existência de fontes pontuais e difusas de poluição e relacioná-las
com a educação ambiental na gestão dos recursos hídricos municipais. Em oito locais de
amostragem na zona urbana, foram avaliados nove parâmetros de qualidade, sendo dois
físicos (turbidez e condutividade), cinco químicos (nitrito, nitrato, amônia, pH e
alcalinidade) e dois biológicos (coliformes totais e E.coli). Os resultados das análises
foram comparados mediantes as especificações da Portaria 2914/2011 do Ministério da
Saúde, que dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da
água para consumo humano e seu padrão de potabilidade. Para a interpretação dos
dados obtidos, realizaram-se estudos complementares de análise dos valores máximo e
mínimo, média, mediana, desvio-padrão e testes não-paramétricos de correlação entre as
variáveis obtidas (qui-quadrado, correlação de Spearman e teste de Wilcoxon) além de
levantamento geológico e populacional da região. Constatou-se que apenas o parâmetro
microbiológico apresentou não conformidade com as especificações da Portaria, sendo
que os coliformes termotolerantes indicaram presença em 47,9% das amostras e E.coli,
presente em 37,5% do total de amostras. Observou-se também correlação negativa entre
o pH e condutividade; e entre a turbidez e o nitrito, mas observou-se uma correlação
positiva entre a alcalinidade e nitrito; e entre E.coli e pH. Foi verificada associação entre
a presença de coliformes e E.coli com os casos de diarreia observados durante o período
monitorado. Constatou-se ainda que o sistema de captação, reservação e distribuição da
água são, na maioria dos pontos selecionados para a coleta, mal conservados e
desprovidos de higienização periódica. A captação ocorre por meio de bombas
submersas que frequentemente ficam inativas devido às oscilações de energia elétrica. A
distribuição da água para consumo humano dá-se, na maior parte da área estudada, por
meio de tubulação de cimento-amianto antigo e deteriorado, que provoca perdas de até
60% do volume produzido, além da possível ocorrência de eventos contaminantes pelo
consumo da água distribuída, devido à presença de coliformes fecais na água analisada.
Há necessidade de medidas preventivas e corretivas de educação ambiental mais
rigorosas nos sistemas de abastecimento de água de Campo Maior - PI, principalmente
na troca da tubulação de cimento-amianto por Policroreto de vinila e ações de educação
ambiental na reservação e consumo como possível fonte de contaminação.
Palavras-chave: Qualidade da água. Consumo Humano. Portaria 2914/2011.