A “visibilidade” da identidade transmasculina no Brasil é relativamente recente, o marco data do ano de 2010. Antes disso, pouco se falava de homens trans. Esta pesquisa faz uma investigação sobre como a ordem dominante de gênero impacta na vida de homens transgênero, no caso, que vivem na cidade de Teresina, estado do Piauí. Como referencial teórico se destacam discussões sobre gênero, masculinidade e transexualidade masculina. A abordagem escolhida foi a qualitativa. Para realização da pesquisa foi utilizado como percurso metodológico a epistemologia feminista e a perspectiva etno-sociológica a partir de narrativas de vida. Quatro homens transgêneros se disponibilizaram a participar deste estudo, compartilhando suas narrativas. Como resultado pode-se compreender que as pressões da ordem de gênero permearam o processo de transição de gênero dos participantes, mas apesar dos obstáculos enfrentados por eles, a transição foi considerada por todos como importante no sentido de possibilitar o reconhecimento de si enquanto transmasculino e permitir significativa melhora na autoestima e satisfação em suas vidas. Portanto, compreender a masculinidade como não exclusiva a corpos de homens cisgênero é desmistificar a estrutura e as práticas de gênero como naturais e biológicas, sendo possível perceber que os significados de categorias como - gênero, homens, masculinidade, transexualidade - se construíram e modificaram ao longo da história.