Esta pesquisa investiga o ativismo antigênero do Observatório Interamericano de Biopolítica
(OIB), uma organização criada em 2014 por membros da Renovação Carismática Católica, que
atua no movimento antigênero brasileiro. O objetivo do estudo é investigar os repertórios,
discursos e estratégias utilizados pela organização para sustentar a negação do gênero como
construção social, destacando, nesse processo, a sua atuação na esfera política brasileira. Têm-
se como hipótese que o OIB atua como um think tank do movimento antigênero, se utilizando
de repertórios discursivos sofisticados, táticas de mobilização e coalizões com grupos
conservadores. Como ator político, o OIB tem se dedicado a aumentar sua influência no debate
sobre educação, políticas de igualdade de gênero e direitos reprodutivos no Brasil. A pesquisa
adota metodologias qualitativas para analisar materiais produzidos pelo grupo, entre os quais,
documentos, textos e audiovisuais disseminados na internet. A Advocacy Coalition Framework
(ACF) é usada como base teórica e metodológica para entender a dinâmica de ação de atores
políticos motivados por suas crenças em contextos religiosos e laicos. A análise de eventos,
seminários e alianças políticas realizadas pelo OIB revela um padrão de atuação que se adapta
às oportunidades políticas. Suas propostas encontraram ressonância institucional e apoio
governamental, configurando um ciclo de retroalimentação entre o OIB e o poder político
conservador no período analisado. Os resultados revelam como o OIB passou a exercer um papel
central no movimento antigênero no Brasil, especialmente, entre 2014 e 2018, o que interferiu
nas políticas públicas do país no período estudado.