A presente tese realiza uma ampla análise sobre as políticas públicas relacionadas com direitos
políticos no Brasil, apresentando os fatores sociais que justificaram a sua criação, apontando os
órgãos responsáveis pelo seu desenvolvimento e implementação e mensurando resultados
alcançados por essas medidas. Para tanto, o trabalho inicialmente realiza uma análise da
formação da sociedade brasileira com olhos voltados para os grupos sociais que foram excluídos
do acesso pleno aos direitos fundamentais. Nesse cenário, é possível verificar o uso discursivo
e simbólico de argumentos fundamentados na religião, na lei, na ciência e no imaginário popular
para legitimar processos excludentes. Adiante, é realizado um retrospecto histórico do exercício
dos direitos relacionados com a participação política, sendo possível verificar três fases do
exercício da cidadania, em que se identificam um eleitor idealista, que está preocupado com os
interesses comunitários e disposto a abdicar das próprias necessidades em nome disso; um
eleitor egoísta, que busca a realização de seus próprios interesses, independentemente, das
necessidades coletivas e um eleitor narcisista, que desistiu de ouvir o outro e coloca-se como
peça central em todo o processo político. O modelo de cidadania narcisista combinado com a
modernidade líquida, passam a exigir uma compreensão mais fluida dos direitos políticos, uma
nova visão acerca da participação política, o que exige, ao mesmo tempo, um aumento do rol de
direitos e um acréscimo dos grupos sociais que conseguem exercer tais direitos em toda a sua
potência.