O trabalho analisa as dificuldades enfrentadas pela classe pobre, mediante o cenário da seca de 1877-1879 no norte do Piauí, e as práticas do governo provincial para inseri-la no trabalho regular, por meio das ações da Comissão de Socorros. Examina os discursos construídos pelas elites piauienses sobre a seca e a população livre e pobre, os quais buscavam apresentar estes sujeitos como indolentes e preguiçosos. Desse modo, buscamos entender como os migrantes reagem a esse sistema de dominação, ou seja, as estratégias de sobrevivência e resistência usadas por estes sujeitos. Fundamenta-se em fontes hemerográficas – os jornais piauienses “A imprensa: Periódico Político (PI)” e o “A Época: Órgão Conservador (PI)”, coletados na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro –, em outros documentos escritos, como manuscritos da Comissão de Socorros Públicos, Ofícios dos contratantes de núcleos e os Relatórios de inspeção dos núcleos coloniais, encontrados no Arquivo Público do Estado do Piauí e, na historiografia nacional sobre o tema da seca, com Araújo (1991), Monteiro (2016), Gonçalves (2022) e Silva (2023). As discussões teóricas seguem as reflexões de Thompson (1987), Barros (2023), Eni Orlandi (1999), Revel (1998).