Esta dissertação analisa de que maneira a trajetória de José Mojica Marins permite identificar fases distintas do cinema brasileiro, centrando-se nas tensões entre o Cinema Novo e o Cinema Marginal. A partir da filmografia dirigida por Mojica, da leitura da recepção crítica e da circulação em circuitos alternativos, o estudo investiga como suas obras, tanto as que incorporam o personagem Zé do Caixão quanto aquelas que dele se afastam, estabelecem diálogos e confrontos com as correntes estéticas dominantes, evidenciando as disputas em torno do valor cultural do cinema produzido às margens. Ao articular análise fílmica, exame de críticas contemporâneas e pesquisa em materiais de exibição, demonstra-se que a afirmação de Mojica na história do horror brasileiro resulta não apenas da singularidade dos filmes, mas também das mediações críticas e das práticas de exibição que reconfiguraram sua posição no campo cinematográfico. O trabalho propõe, assim, uma leitura plural das experiências fílmicas nacionais, que acolhe multiplicidades temporais e espaciais e problematiza a tendência a reduzir a produção marginal a categorias hegemônicas.