O racismo brasileiro está presente e institucionalizado na nossa sociedade como herança
do sistema escravista. Os quilombos foram e são resistência a essa forma de opressão. As
mulheres quilombolas enfrentam formas específicas de opressão devido às questões
interseccionais de raciais, de gênero, entre outras. Muitas vezes a saúde dessa mulher é
invisibilizada, ainda mais quando elas se tornam mães. Por isso, este estudo tem como
objetivo principal compreender a natureza do racismo nos serviços de saúde e a forma como
ele pode afetar a identidade e a maternidade de mães quilombolas, visando identificar
possibilidades de intervenção no setor saúde através de políticas públicas. Foi realizado um
estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa, que utilizou o modelo conceitual
da interseccionalidade de gênero e raça e o método participativo na produção dos dados,
que combina entrevistas individuais e a Photovoice (Fotovoz). A pesquisa foi realizada com
sete mães quilombolas na comunidade Monteiro, remanescente de quilombos, que se
localiza na zona rural de Timon no Maranhão. A coleta de dados foi realizada em quatro
etapas: aproximação com a comunidade para a formação de vínculo; convite às mães
quilombolas e preenchimento do questionário sociocultural de caracterização; condução das
entrevistas individuais; método Fotovoz, que envolveu a produção das fotografias pelas
participantes; e a realização dos grupos focais. A análise temática indutiva foi realizada e
fotografias foram selecionadas como representação visual para ilustrar os dados assim como
trechos dos discursos das participantes para evidenciar os temas descritivos. Está pesquisa
foi submetida e aprovada pelo comitê de ética em pesquisa com seres humanos da
Universidade Federal do Piauí.