INTRODUÇÃO: A tuberculose (TB) é um grave problema de saúde pública mundial, principalmente entre populações vulneráveis. Entre estas populações destacam-se os povos indígenas, devido a condições de pobreza, desnutrição, habitação precária e dificuldade de acesso aos serviços de saúde. No Paraguai, muitas comunidades de s indígenas apresentam casos de tuberculose. OBJETIVO: Realizar um levantamento acerca dos fatores de risco associados à morbimortalidade e a adesão ao tratamento de pacientes indígenas com tuberculose em um hospital do Paraguai. METODOLOGIA: estudo transversal, de caráter documental com abordagem exploratória descritiva. Foram utilizados 200 prontuários de pacientes de um hospital indígena no Departamento (Estado) de Central. Os critérios de inclusão da pesquisa eram: ser pacientes de todas as idades, ambos os sexos, de origem indígena e moradores de qualquer localidade do território do Paraguai, com quaisquer comorbidades e doenças pregressas e com teste positivo para tuberculose. Como critério de exclusão, não foram aceitos na pesquisa participantes cujo prontuário apresentasse data que fuja do recorte temporal estabelecido, entre 2021 e 2024, ou que não tivesse resultado positivo para TB. RESULTADOS: A maioria dos pacientes registrados no hospital possuíam entre 21-40 anos (48%), e 0 e 20 anos (24%). O sexo masculino foi prevalente (70%). Como relação à escolaridade, a maioria não possui nenhum nível de instrução (40%) ou somente o primeiro letramento. Apenas 1/4 dos atendidos no hospital possui emprego formal (25%); e recebem salários de 400.000 a 500.000 guaranis; a maioria possui trabalho informal (75%) e recebem valores de 150.000 a 200.000 guaranis; ou não possui nenhuma forma de sustento. Nove etnias diferentes de povos indígenas foram atendidas no hospital. Ainda, 72,5% dividem a casa com outros membros, de 2 ou mais pessoas. Os anos que apresentaram maior número de indivíduos diagnosticados para TB foram 2023 e 2024; o ano de 2021 apresentou menor número de pacientes diagnosticados e tratados. As principais comorbidades encontradas foram diabetes e hipertensão (n=42,21%), tabagismo (18,9%) e vício em álcool ou drogas (15%). Um total de 170 pessoas iniciaram o tratamento (85%) e 30 não. Daqueles que iniciaram, 65% já haviam feito uso de medicamentos para tratamento de TB; 93% dos pacientes não retornaram após a primeira consulta, e apenas 7% retornaram 2 vezes por mês. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A TB entre populações indígenas está ligada a fatores sociais, econômicos e de infraestrutura e revela um ciclo vicioso de exclusão social. A ausência de políticas públicas eficazes e de apoio comunitário, como visitas domiciliares e acompanhamento profissional, contribui significativamente para a perpetuação da doença e para o surgimento de cepas resistentes. A eliminação da TB em populações indígenas do Paraguai requer uma abordagem integrada que vá além do tratamento medicamentoso, com implementação de políticas públicas que promovam a educação formal, geração de empregos com maior renda e melhorias nas condições de vida, bem como fortalecer os sistemas de saúde locais para garantir o acesso equitativo e o acompanhamento contínuo desta população, para que ela não precise se deslocar para tão longe de seus locais de moradia para receber diagnóstico e tratamento.