A pesquisa aborda como temática principal o processo político de participação na elaboração de políticas públicas das organizações nacionais de mulheres indígenas em um espaço de participação e diálogo intergovernamental no Peru, o Grupo de Trabalho de
Políticas Indígenas (GTPI) do Ministério da Cultura desse país, no período 2014-2019. O foco da análise, se cerne na ação política das mulheres indígenas organizadas na luta pelo reconhecimento, no campo da definição de políticas públicas, assim como na interlocução que estabelecem com instituições governamentais, e os sentidos que atribuem a todo o processo. Enquanto ao objetivo da pesquisa, é compreender e explicar, como mulheres indígenas envolvidas no GTPI significam seu próprio processo de construção como sujeitas políticas, a importância de sua participação nesse espaço, e os resultados, em termos de positivação de políticas públicas, e de reconhecimento de seus direitos vinculados a suas identidades étnicas e de gênero, em diálogos com o giro decolonial. O enfoque teórico, tem base principalmente na teoria decolonial e o feminismo decolonial, já que, a pesquisa involucra a mulheres pertencentes a populações historicamente colonizadas, racializadas, e atravessadas por múltiplas formas de violência, que hoje organizadas demandam seu reconhecimento como sujeitas de direitos. No plano metodológico, se aplicam metodológicas hibridizadas, desde um paradigma decolonial transformativo, buscando que as narrativas históricas, testemunhais, documentais se encontrem em diálogo permanente e transversal. O pressuposto com a qual trabalha a pesquisa, é que, as mulheres indígenas, no campo de disputas configurado pelo GTPI, desenvolvem estratégias políticas a partir de suas experiências como lideranças, a fim de posicionar suas agendas reivindicativas no plano nacional, enquanto reconhecem a importância e significado em termos ontológicos e decoloniais de sua participação neste processo político, sobretudo, no enfrentamento de questões vinculadas a raça/etnia e gênero.