O câncer, tem se constituído historicamente como um problema de saúde pública, em escala mundial. No Brasil, especificamente, o câncer do colo do útero é o terceiro mais incidente na população feminina brasileira, excetuando-se os casos de câncer de pele não melanoma e a principal causa da doença é a infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV). É evitável e curável se diagnosticado e tratado precocemente. Até pouco tempo, as ações de controle do câncer do colo do útero no Brasil eram pontuais e as atividades de atenção integral à saúde da mulher eram voltadas para momentos específicos da vida. Com a implantação da PNAISM e da PNAO, o controle desse tipo de câncer envolve uma linha de cuidado peculiar, que é iniciada na atenção básica, perpassando a média complexidade até a alta complexidade. As propostas de ação referente aos cuidados em saúde, em especial ao câncer estão circunscritas à Rede de Atenção em Saúde – RAS, regionalizada, hierarquizada e organizada em níveis de atenção interligados: primário, secundário e terciário. A RAS, por definição, se consubstancia em arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado” (BRASIL, 2010). Portanto, este estudo teve como objetivo analisar descritivamente a configuração dos fluxos institucionais da rede de atenção à saúde, dentro da linha de cuidado da mulher com câncer de colo do útero, em Teresina-PI. Trata-se de um estudo do tipo descritivo e analítico com abordagem qualitativa para delineamento da pesquisa de cunho bibliográfico, documental (portarias, resoluções, planos, relatórios, etc.), e outros pertinentes à temática do câncer e a categoria dos fluxos assistenciais institucionais, rede de atenção e linha de cuidado, além de utilizar informações da base de dados do Ministério da Saúde (Datasus, CNES, painel oncologia, dentre outros). O levantamentos dos artigos, das portarias, resoluções e dos dados foi realizado no período de fevereiro a novembro de 2023.A pesquisa ancorou-se na hermenêutica – dialética, que busca tornar compreensível o objeto de estudo mais do que sua mera aparência ou superficialidade, partindo do todo para o particular. Como resultados o estudo mostrou que das 698 mulheres que foram diagnosticadas com CCU e que realizavam tratamento em Teresina, 110 (15,7%) correspondiam ao número de mulheres que residiam em 15 cidades do estado vizinho Maranhão, das quais, 05 (33,33%) correspondiam às cidades que não tinham pactuação com o Estado do Piauí. Observou-se que dos municípios do Piauí que apresentaram casos de CCU, Teresina encabeça a lista com 263 (37,7%) casos de mulheres com a neoplasia. As demais cidades que se seguem com um maior número de casos, correspondem às cidades mais populosas do estado. Observou-se ainda que 124 municípios piauienses apresentaram pelo menos um caso de mulher com câncer do colo do útero tratando em Teresina, no período estudado, contemplando todas as regiões de saúde, sendo que a região dos Cocais e Entre Rios apresentam o maior número de municípios com essa característica. Percebeu-se ainda, uma maior concentração de casos em mulheres com idade entre os 40 a 44 anos, seguidos da faixa etária dos 35 a 39 anos, 45 a 49 anos. É notório a ocorrência de óbitos na faixa etária dos 60 a 69 anos e entre mulheres de raça/cor parda, seguidas das mulheres na faixa etária dos 50 a 59 anos da mesma raça/cor. Já as mulheres pretas na faixa etária dos 70 a 79 anos morreram mais do que em outras faixas etárias. Foi identificado 3 tipos de fluxos seguidos pelas mulheres no acesso aos serviços de saúde e no enfrentamento da doença, em Teresina. O resultado desse fluxo culmina no atendimento e tratamento das mulheres no HSM, HU/Oncocenter, via SUS, em que o estudo sinaliza para a insuficiência de serviços de alta complexidade referente ao tratamento e que requisita atenção.