ESTUDO COMPARATIVO DO EFEITO ANTINOCICEPTIVO DO NEROL E SEU CONGÊNERE ACETATO DE NEROLILA EM MODELOS ANIMAIS
Acetato de nerolila; Nerol; Monoterpenos; Nocicepção; Hipernocicepção inflamatória
As plantas medicinais possuem um longo uso na medicina popular, ao lado dos seus óleos essenciais e alguns dos seus componentes, como os terpenos. Dentre estes destacam-se os monoterpenos como o maior grupo com atividades farmacológicas, incluindo a antinociceptiva. No entanto, muitos monoterpenos ainda carecem de estudos esclarecedores sobre suas propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas. O acetato de nerolila (AcNerol), que adveio do nerol, é um congênere que ainda não possui propriedades farmacológicas descritas, e o nerol não possui ação antinociceptiva relatada até o momento. Desse modo, o objetivo desse estudo foi avaliar a atividade antinociceptiva destes monoterpenos, fazer uma possível comparação estrutura-atividade com o nerol, investigar os possíveis mecanismos de ação envolvidos, a toxicidade aguda do AcNerol e o efeito relaxante muscular ou depressor do Sistema Nervoso Central (SNC) desses compostos. Camundongos Swiss machos (20-30 g; n=6-9 animais/grupo) foram utilizados nos testes de toxicidade, nocicepção aguda e efeitos sobre o SNC, e ratos Wistar machos (180-240 g/ n=6 animais/grupo) na hipernocicepção inflamatória. No modelo da formalina o AcNerol reduziu de forma significativa o tempo de lambedura na primeira (0-5 min) e segunda (15-30 min) fases (25 e 50 mg/kg v.o.) em comparação ao controle (salina). AcNerol reduziu as contorções abdominais induzidas por ácido acético 0,6 % (3,125; 6,25 e 12,5 mg/kg v.o.) em comparação ao controle. No teste do glutamato (25 e 50 mg/kg/kg v.o.) e no modelo da capsaicina (3,125; 6,25;12,5 e 25 mg/kg v.o.), AcNerol mas não o nerol (12,5 e 25 mg/kg v.o), reduziu o tempo de lambedura da pata (15 e 5 min respectivamente) de modo significativo, em comparação ao controle. Na avaliação da hipernocicepção inflamatória, foi utilizado o teste de Randall e Selitto onde o AcNerol conseguiu aumentar o limiar da resposta nociceptiva após o estímulo inflamatório da carragenina somente na dose de 50 mg/kg v.o. na 4a hora. Na pesquisa dos mecanismos de ação envolvidos, utilizou-se o teste do glutamato, e os dados mostraram o possível envolvimento do sistema colinérgico muscarínico e da via L-Arginina/óxido nítrico. No teste da placa quente houve um aumento significativo no tempo de reação após o tratamento oral com AcNerol nos tempos de 30, 60 e 120 min. (12,5 e 25 mg/kg) comparado ao controle. Morfina (5 mg/kg s.c.) foi utilizada como controle positivo em todos os protocolos e apresentou o efeito esperado. Para avaliar a ação na atividade motora espontânea e sobre o Sistema Nervoso Central, foram utilizados os testes de campo aberto e rota Rod, onde em nenhum deles o AcNerol apresentou efeito significativo em comparação ao controle (12,5, 25 e 50 mg/kg v.o.). A partir dos dados obtidos, conclui-se que o AcNerol apresenta maior potência antinociceptiva e menor toxicidade aguda que o nerol nos vários protocolos empregados, tornando-se atraente a continuidade do estudo para o desenvolvimento de um fitomedicamento para uso em estudos clínicos.