A crescente aproximação entre China e Rússia, intensificada pelo conflito na Ucrânia em 2022, desafia a hegemonia dos Estados Unidos e a ordem internacional vigente. A “Parceria Sem Limites”, formalizada no mesmo ano, constitui um marco central dessa reconfiguração geopolítica. Esta dissertação investiga essa aliança, suas motivações, características e implicações, sob a perspectiva do realismo político. A aliança é interpretada como uma resposta estratégica ao poder ocidental, com o objetivo de preservar zonas de influência. Demonstra-se que a aproximação sino-russa antecede 2022, sendo o conflito ucraniano um catalisador de sua intensificação. O estudo busca analisar a dinâmica dessa relação, partindo da hipótese de que interesses comuns impulsionaram uma aliança fortalecida frente à política externa dos EUA e à expansão da OTAN. A metodologia adotada é qualitativa, baseada em análise documental (comunicado conjunto de 2022, relatórios oficiais, discursos), revisão bibliográfica e análise de eventos. Utilizam-se ferramentas como o ATLAS.ti e o Voyant Tools para examinar o discurso da aliança. O referencial teórico fundamenta-se no realismo político, com destaque para autores clássicos como Morgenthau e Waltz, e contemporâneos como Walt e Mearsheimer, cuja crítica à expansão da OTAN fornece uma chave conceitual para compreender alianças em contextos de rivalidade. A dissertação divide-se em três capítulos: o primeiro analisa o comunicado conjunto; o segundo examina a aliança sob a ótica realista; o terceiro avalia suas consequências. Os resultados confirmam a hipótese central: a parceria sino-russa, anterior ao conflito, é uma reação estratégica coordenada. A análise revelou temas centrais como segurança, cooperação e contestação à hegemonia ocidental. A postura chinesa, de “neutralidade pró-Rússia”, expressa um pragmatismo estratégico. Entre os desdobramentos observados, destacam-se: desdolarização, desglobalização, aumento da competição geopolítica, ampliação dos gastos militares, formação de novas alianças, geopolitização de conflitos e promoção de uma ordem internacional alternativa, evidenciada pelo fortalecimento dos BRICS e a imposição de sanções e ameaças territoriais. Conclui-se que a aliança sino-russa desempenha papel crucial na transição para uma ordem multipolar. A perspectiva realista permite compreender como essa parceria, ainda que possua uma agenda própria, constitui também um desafio direto à ordem internacional liderada pelos EUA, em um cenário onde a anarquia e a busca por poder permanecem como elementos centrais das relações internacionais.