PREVALÊNCIA DA SÍFILIS E FATORES DE RISCO ASSOCIADOS EM INTERNOS DO SISTEMA PRISIONAL DO PIAUÍ
Sífilis, Prisões e Fatores de risco.
A Sífilis, também conhecida como Cancro Duro, é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Treponema pallidum que encontra nas penitenciárias, condições que podem favorecer o risco da sua transmissão entre a população prisional. Esta pesquisa teve como objetivo investigar a prevalência de Sífilis e fatores de risco em internos nos presídios do Estado do Piauí. Trata-se de estudo epidemiológico do tipo transversal, desenvolvido com 2.131 presidiários. A coleta de dados foi realizada no período de janeiro/2014 a julho/2014, por meio da aplicação de formulário pré-testado e realização de teste rápido para diagnóstico da Sífilis. Os dados foram digitados e analisados com a utilização do software SPSS versão 19.0. Foram realizadas análises univariadas, por meio de estatísticas descritivas simples. Na estatística inferencial foram aplicados testes de hipóteses bivariados e multivariados, com a utilização de regressão logística simples (Oddis ratio não ajustado) e regressão logística múltipla (Oddis ratio ajustado). O nível de significância foi fixado em p≤0,05. Dentre os 2.131 presidiários que participaram do estudo, 1.116 (52,4%) eram residentes do interior do Estado, 1.037 (48,6%) estavam na faixa etária de 23 a 32 anos, 1.977 (92,8%) eram do sexo masculino e 1.342 (63,0%) referiram escolaridade compatível com ensino fundamental incompleto, 1.312 (61,6%) se declararam pardos, 1.235 (58,0) em situação conjugal solteiros/separados/viúvos e 793 (37,2%) sem renda pessoal. Quanto à prevalência de positividade do teste para Sífilis foi de 8,4% (IC95% = 7,3-9,6), sendo 19,5% no sexo feminino e 80,5% no sexo masculino. Na análise bivariada observou-seassociação estatisticamente significativa entre a positividade do marcador sorológico da sífilis e as variáveis: sexo, uso de drogas ilícitas, uso de piercings, prática sexual com parceiros do mesmo sexo, uso de drogas antes da relações sexuais e conhecimento sobre a forma de transmissão. No modelo multivariado permaneceu associada apenas o uso de drogas antes das relações sexuais (p<0,01). Os resultados deste estudo evidenciam a necessidade de ações públicas de saúde, incluindo articulação entre esferas governamentais e entre gestão da saúde e da justiça, para elaborar estratégias de modo a contemplar a demanda de saúde dos internos do Sistema Prisional do Estado. Faz-se oportuna a ampliação de ações relacionadas ao diagnóstico da Sífilis na admissão e rotina, atividades contínuas de educação em saúde, capacitação dos profissionais de saúde que compõem a equipe da justiça para fortalecer a promoção da saúde, prevenção e controle da Sífilis.