EFEITOS ANTINOCICEPTIVO E ANTI-INFLAMATÓRIO DA RIPARINA B EM CAMUNDONGOS
Riparina B. Anti-inflamatório. Antinociceptivo.
Isolada a partir do fruto-verde de Aniba riparia, a Riparina B (N-[2-(3,4 dimetóxi-fenil)-etil]-benzamida) (Rip B) é um alcaloide não-heterocíclico, mais especificamente, uma alcamida natural. Na literatura há poucos relatos acerca do efeito direto da Rip B sobre o processo inflamatório e nociceptivo em diferentes modelos animais. Com isso, o objetivo deste trabalho foi investigar o efeito anti inflamatório, antinociceptivo e antioxidante da Rip B em modelos experimentais. Foram utilizados camundongos Swiss machos e fêmeas (20-25 g) (Comitê de Ética Animal/UFPI, Nº. 068/2014). A atividade anti-inflamatória foi avaliada utilizando-se o edema de pata induzido por diversos mediadores inflamatórios, tais como: dextrana, composto 48/80, histamina, serotonina, bradicinina e PGE2; atividade da enzima mieloperoxidase (MPO) na pata, peritonite induzida por carragenina, níveis de citocinas pró-inflamatórias (IL-1β e TNF-α). Para investigação da atividade analgésica fora utilizados os testes de: contorções abdominas induzidas por ácido acético a 0,6%, formalina a 1,2% e placa quente. A atividade antioxidante foi avaliada através da investigação dos níveis de malondialdeído (MDA) e glutationa (GSH) no exsudato peritoneal. O pré-tratamento com Rip B (10 mg/kg, via intraperitoneal) reduziu significativamente o edema de pata induzido por carragenina, dextrana e composto 48/80. Além disso, também reduziu o edema de pata induzido pelos agentes flogísticos: histamina, serotonina, bradicinina e PGE2. Reduziu significativemente os níveis de enzima MPO no tecido plantar, no modelo de peritonite induzida por carragenina, a Rip B (10 mg/kg, via intraperitoneal) diminuiu a contagem total de leucócitos e diferencial de neutrófilos e as concentrações de IL-1β e TNF-α no exsudato peritoneal. Na atividade antinociceptiva verificou-se que nos grupos onde foi administrada a Rip B (10 mg/kg, via intraperitoneal) houve a redução estatisticamente significante do número de contorções abdominais e redução do número de lambidas de pata no teste da formalina. Todavia, os animais pré-tratados com Rip B (10 mg/kg, via intraperitoneal) não apresentaram um aumento na latência no modelo da placa quente, sugerindo que a ação desta alcamida é dependente de eventos inflamatórios periféricos, e não de um mecanismo de ação central. Além disso, a mesma dose de Rip B também foi capaz de reduzir a concentração de MDA e o aumento dos níveis de GSH no exsudato peritoneal. Estes achados sugerem que a ação anti-inflamatória, antinociceptiva e antioxidante da Rip B esteja relacionada com a inibição da produção ou liberação de mediadores pró-inflamatórios, da redução da MPO na pata, redução da migração de leucócitos e infiltração de neutrófilos, diminuição de citocinas pré-inflamatórios, bem como redução de um efeito antioxidante. Tais dados levantam a possibilidade de que a Rip B poderia ser utilizada para melhorar a resistência do tecido aos danos ocasionados durante o processo inflamatório, bem como durante os processos álgicos.