ROCHA, J. E. L. Efeito da suplementação com ômega-3 sobre marcadores de estresse oxidativo e dano hepático em ratos com hipercolesterolemia. 2021. 73f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-graduação em Farmacologia, Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI.
Distúrbios no metabolismo lipídico podem propiciar alterações metabólicas e, consequentemente alterações no perfil lipídico. A dislipidemia está fortemente correlacionada a danos hepáticos, incluindo estresse oxidativo, inflamação e lipotoxicidade. O ômega-3 é um ácido graxo poliinsaturado com propriedades antioxidantes e possível efeito hepatoprotetor. O presente estudo avaliou os efeitos da suplementação com 310 mg de ômega-3(ácido eicosapentaenoico e docosaexaenoico) por 28 e 56 dias de tratamento em ratos com hipercolesterolemia induzida por dieta contendo colesterol (0,1%), ácido cólico (0,5 %) e gema de ovo. Avaliou-se o perfil lipídico, glicemia, marcadores da função hepática, enzimas antioxidantes, morfologia hepática, e marcadores de estresse oxidativo em dislipidemia experimental. Os animais foram divididos aleatoriamente em 6 grupos: G1 e G4 ração padrão para ratos [Presence®] + solução salina via gavagem durante 28 dias e 56 dias, G2 e G5 ração hipercolesterolêmica + solução salina via gavagem durante 28 e 56 dias, G3 e G6 ração hipercolesterolêmica + óleo de peixe (1 ml -310 mg de ômega-3) via gavagem durante 28 e 56 dias. A comparação entre grupos foi realizada por análise de variância e teste de Tukey. A pesquisa foi aprovada por Comissão de Ética em Uso de Animais (CEUA/UFPI 446/18). O consumo da ração hipercolesterolêmica aumentou os níveis de colesterol total CT, LDL, VLDL e triglicerídeos no grupo G5. O tratamento com o ômega-3 por 56 dias reduziu os TG e VLDL (p < 0,05). A DH reduziu os níveis de albumina no grupo G2 (p < 0,05), porém não foi observado outras alterações nos marcadores hepáticos e na glicemia. Houve aumento no peso relativo do fígado nos grupos G2 e G5 (p < 0,0001), e na gordura retroperitoneal do grupo G5 (p < 0,05), contudo, o tratamento com o óleo de peixe não promoveu alteração. O tratamento com ômega-3 reduziu a atividade de mieloperoxidase plasmática G3 e G6 (p < 0,05) como também a hepática G6 (p < 0,05), e aumentou a atividade da superóxido dismutase eritrocitária apenas no grupo G6 (p < 0,05) não sendo observada alteração na atividade da superóxido dismutase hepática. Na MDA plasmática não houve alteração nem tão pouco na atividade da catalase e GSH hepática. O peso dos animais não sofreu modificação em nenhum dos grupos. Todavia o consumo alimentar dos que receberam DH e tratados com o ômega -3 G3 (15,45 ± 0,01) e G6 (15,13 ± 0,14) foi menor em relação aos que receberam apenas a DH e foram tratados com salina G2 (16,75 ± 0,04) e G5 (16,77 ± 0,30), respectivamente. Essa redução do consumo também foi observada em G2 e G5 em comparação com os que receberam a DP e tratados com salina G1 (22,04 ± 0,06) e G4 (22,44 ± 0,07), respectivamente. O aspecto macroscópico do fígado evidenciou alterações na coloração dos órgãos dos animais que recebera DH, sugerindo acumulo de lipídeos. Na análise histopatológica, o fígados dos animais hipercolesterolêmicos (G5) apresentaram macrovesículas lipídicas, degeneração citoplasmática e fina fibrose na parede da veia centro-lobular, sugerindo alto comprometimento hepático. No entanto, no grupo tratado (G6) observou-se reorganização dos hepatócitos e redução expressiva dos vacúolos lipídicos. Na dosagem do conteúdo de colesterol total (CT) e triglicerídeos (TG) nos hepatócitos foi observado um aumento de CT e TG em G5 (p < 0,001), e que após o tratamento houve redução dos níveis de triglicerídeos G6 (p <0,05) Em conclusão, no modelo de hipercolesterolemia experimental, o ômega-3 apresentou atividade na redução da deposição de gordura, reduziu os triglicerídeos e estresse oxidativo hepático.