Envolvimento dos Cav’s tipo-L no efeito cardiovascular das inflorescências de Mimosa
caesalpiniifolia Benth. (MIMOSACEAE) em ratos normotensos.
Mimosa caesalpiniifolia, artéria mesentérica, hipotensão, bradicardia, vasorrelaxamento.
A Mimosa caesalpiniifolia Benth pertence à família Mimosaceae, uma planta arbórea que ocorre naturalmente na caatinga e no cerrado nordestino brasileiro. O uso medicinal dessa espécie consiste na utilização das flores pela população do semi-árido para o tratamento da hipertensão arterial. O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do extrato etanólico e fração acetato de etila das inflorescências sobre o sistema cardiovascular de ratos normotensos. Utilizou-se ratos normotensos Wistar (250 - 350g) que foram anestesiados com tiopental sódico (45 mg/kg, i.p.) para implantação de cateteres de polietileno (PE -10) na artéria aorta abdominal e na veia cava inferior. A pressão arterial e a frequência cardíaca foram medidas através de um transdutor de pressão acoplado a um amplificador (AVS/Projetos). Os resultados foram expressos como (Média ± e.p.m). A administração intragastrica do Mc-EtOH/flores (100 mg/Kg, v.o), promoveu uma diminuição da pressão a partir dos 90 min com tempo de duração de 4 horas, e quando administrado por via venosa nas doses (6,25; 12,5 e 25 mg/kg, i.v.), promoveu uma hipotensão seguido de bradicardia nas maiores doses. O pré-tratamento com atropina (2 mg/kg, i.v.) aboliu tanto a hipotensão quanto a bradicardia enquanto que com o hexametônio (20 mg/kg, i.v) ocorreu uma reversão da hipotensão e uma acentuada atenuação da bradicardia. Em estudos in vitro os anéis de artéria mesentérica (1-2 mm) com e sem endotélio mantidos em solução de Tyrode a 37ºC a (95% O2 e 95% CO2) e submetidos à tensão de 0,75 g, os anéis foram fixados a transdutores de força acoplados a um sistema de aquisição (AVS/Projetos) para registro das tensões isométricas. Após estabilização (1h) os anéis foram pré-contraídos com fenilefrina (10-5 M), e no tônus da contração administrou-se cumulativamente Mc-EtOH ou Mc-AcOEt (0,1 – 1000 μg/mL). Nestas condições Mc-EtOH ou Mc-AcOEt promoveram efeito vasorrelaxante independente do endotélio vascular. Efeito semelhante foi observado em preparações pré-contraídas com KCl 80 mM tanto para o Mc-EtOH quanto para Mc-AcOEt. Em contrações induzidas por adição cumulativa de Fen (10-9 - 10-5 M) houve atenuação do efeito máximo nas maiores concentrações de (9, 81, 243 e 500 µg/mL). Em meio despolarizante nominalmente sem Ca2+ o extrato e a fração atenuaram as contrações induzidas pela adição de CaCl2 (10-6 - 3 x 10-2 M). Em preparações pré-contraídas com ativador de canal de cálcio (BayK 8644), o Mc-EtOH e a Mc-AcOEt promoveram vasorrelaxamento apresentando uma maior eficácia quando comparado com KCl 80 mM. A participação dos canais para K+ foi avaliada através do pré-tratamento das preparações com tetraetilamônio (TEA) 3 mM e observou-se que o relaxamento causado pela Mc-AcOEt não foi alterado.A avaliação da citotoxicidade foi realizada através do teste do MTT para averiguar a viabilidade em células CMLV e HUVECs. Os resultados mostraram que a fração Mc-AcOEt não causa danos nos modelos de células estudadas. Conclui-se dessa forma que o extrato Mc-EtOH induz hipotensão e bradicardia provavelmente devido ação sobre receptores - M2 cardíacos. O extrato (Mc-EtOH) e a fração (Mc-AcOEt) causam vasorrelaxamento independente do endotélio, que pode ser devido a uma diminuição da resistência vascular com provável bloqueio do influxo de cálcio através dos CaVL. A e a fração (Mc-AcOEt) não altera a viabilidade celular, mostrando ausência de toxicidade.