Efeito vasorrelaxante induzido por extrato e frações de Terminalia
fagifolia Mart. & Zucc. em aorta isolada de rato.
Terminalia fagifolia, aorta torácica, vasorrelaxamento, óxido nítrico, canais de potássio.
Terminalia fagifolia Mart. & Zucc. (Combretaceae) é uma planta comum nas regiões
do cerrado brasileiro, utilizada popularmente para tratamento de distúrbios
gastrintestinais. Na literatura não existem relatos da utilização de T. fagifolia para o
tratamento de afecções do sistema cardiovascular, porém plantas do mesmo gênero,
como T. arjuna (Roxb.) Wight & Arn e T. superba Engler & Diels, apresentam efeito
cardioprotetor, hipotensor e vasodilatador. Diante disto, o objetivo deste estudo foi
investigar o efeito do extrato etanólico (EETf) e as frações aquosa (FAQ-Tf), solúvel
em água (FSA-Tf), hexânica (FHEX-Tf), hidroalcoólica (FHA-Tf) e insolúvel em água
(FIA-Tf) da casca do caule de Terminalia fagifolia Mart. & Zucc. em anéis de aorta
torácica isolada de ratos. Utilizou-se ratos Wistar (250 a 300 g), provenientes do
Biotério do NPPM/UFPI mantidos sob condições controle de temperatura (24±1 oC) e
ciclo claro-escuro de 12 horas, tendo livre acesso à alimentação e água. Após
eutanásia, a aorta foi retirada (CEEA 08/12) e livre de tecidos conectivo e adiposo, e
seccionadas em anéis (3 a 4 mm). Para obtenção das respostas isométricas, os anéis
foram suspensos individualmente por alças de aço inoxidável, em cubas de vidro
contendo solução de Krebs Normal, mantidos a 37 oC, aerados com uma mistura
carbogênica (95% O2 e 5% CO2) e suspensos por linhas de algodão fixadas a um
transdutor de força acoplado a um sistema de aquisição (AECAD 1604, AQCAD 2.0.5,
AVS Projetos, SP). Após o período de estabilização (1 h) (tensão de 1 gf), e
verificação do endotélio vascular, os anéis de aorta foram pré-contraídos com
Fenilefrina (Fen, 1 μM) e no componente tônico e sustentado da contração
administrou-se cumulativamente extrato etanólico e frações de T. fagifolia (0,1 a 750
μg/mL), em preparações individuais. A participação da via do NO/GCs/GMPc no efeito
vasorrelaxante das frações FAQ-Tf e FSA-Tf foram avaliadas através do pré-
tratamento com L-NAME, ODQ ou PTIO (preparações individuais) e observou-se que
a curva de relaxamento das frações investigadas foi atenuada na presença das
ferramentas farmacológicos. A avaliação da participação dos canais de K+
vasorrelaxante das frações FAQ-Tf ou FSA-Tf foram realizados utilizando TEA, GLIB,
4-AP, APM, ChTX ou IbTX (somente para FSA-Tf), em preparações individuais. O
efeito vasorrelaxante da fração FAQ-Tf foi atenuado na presença do TEA, 4-AP e da
APM. Já o efeito vasorrelaxante da fração FSA-Tf foi atenuado na presença dos
seguintes bloqueadores TEA, GLIB, 4-AP e da IbTX. A atuação do fator
hiperpolarizante derivado do endotélio (FHDE) no vasorrelaxamento induzindo pelas
frações FAQ-Tf e FSA-Tf, foi avaliado através do pré-tratamento com L-NAME e TEA
e observou-se que as curvas de vasorrelaxamento das frações FAQ-Tf e FSA-Tf
foram atenuados na presença dos bloqueadores. Diante dos resultados, conclui-se
que o EETf induziu ao vasorrelaxamento dependente de concentração e independente
de endotélio, as frações FIA-Tf, FHA-Tf e FHEX-Tf apresentaram efeito vasorrelaxante
dependente de concentração e independente de endotélio vascular, mas não
obtiveram 100% de eficácia relaxante. As frações FAQ-Tf e FSA-Tf apresentaram
efeito vasorrelaxante dependente de concentração e mais potente em anéis de aorta
com endotélio vascular. O mecanismo de vasorrelaxamento induzido pela FAQ-Tf
envolve a via do NO/GCs/GMPc, os canais de potássio do tipo Kv e o FHDE. Já o
mecanismo vasorrelaxante induzido pela FSA-Tf envolve a via do eNOS/GCs/GMPc,
canais de potássio do tipo BKCa e o FHDE.