Avaliação da atividade antinociceptiva e anti-inflamatória do alfa-felandreno em modelos de inflamação aguda e crônica
α-Felandreno. Monoterpeno. Antinociceptivo. Anti-inflamatório.
Espécies vegetais aromáticas têm sido utilizadas como uma importante alternativa para o tratamento farmacológico de doenças inflamatórias agudas e crônicas. Os óleos essenciais presentes nessas plantas possuem propriedades farmacológicas tais como analgésica, espasmolítica e anti-inflamatória, e são compostos por vários metabólitos secundários, dentre eles destacam-se os monoterpenos. O α-Felandreno (α-Fel) é um monoterpeno presente no óleo essencial de plantas aromáticas, e, em estudos anteriores, demonstrou atividades anti-inflamatória, antinociceptiva e antioxidante. O objetivo deste trabalho foi investigar o efeito antinociceptivo e anti-inflamatório do α-Fel em modelos experimentais de inflamação aguda e crônica. Foram utilizados camundongos Swiss machos (25-30 g), ratos Wistar machos (180-240 g) e fêmeas (170-230 g) (Comitê de Ética Animal / UFPI, Nº. 82/2014). O modelo classico de inflamação crônica induzida pela injeção de adjuvante completo de Freund (ACF) na pata traseira induz alodinia mecânica e hiperalgesia. Vinte e quatro horas após a injeção de ACF, utilizou-se os aparelhos von Frey digital, Randall Selitto e pletismômetro para avaliar alodinia, hiperalgesia e edema inflamatório, respectivamente. No teste de alodinia mecânica induzida por ACF (100 μL) os ratos receberam α-Fel (12,5, 25, 50 e 100 mg/kg), veículo (salina 0,9% em Tween 80 a 2%) ou dexametasona (DEXA - 0,5 mg/kg), por via oral e foram avaliados em diferentes intervalos de tempo (1, 2, 4, 6, 8, 10, 12, 24 h) após o tratamento. O α-Fel em todas as doses testadas, reduziu a alodinia mecânica apresentando melhor resultado com a dose de 100 mg/kg, da 1º até a 24º hora. Para investigar os efeitos do tratamento crônico do α-Fel, os animais foram avaliados diariamente e tratados nos 1º, 2º, 3º, 4º, 5º, 9º e 10º dias. O α-Fel reduziu a alodinia durante todo o tratamento crônico sem apresentar tolerância. A hiperalgesia e o edema inflamatório foram induzidos por ACF (50 μL) em ratas tratadas por via oral com α-Fel (6,25, 12,5, 25, 50 e 100 mg/kg), veículo ou diclofenaco (5 mg/kg), avaliadas nos tempos de 1, 2, 3, 4, 5 e 6 h (fase aguda) e tratadas uma vez por dia durante 10 dias (fase crônica). O α-Fel reduziu a hiperalgesia inflamatória durante as duas fases do teste (***p<0,001), exceto na dose de 6,25 mg/kg. As doses testadas não reduziram o edema na fase aguda, já na fase crônica o α-Fel 100 mg/kg reduziu o edema a partir do 4º dia de tratamento, efeito semelhante foi apresentado pelas doses 25 e 50 mg/kg a partir do 7º dia de tratamento. O α-Fel (100 mg/kg, v.o.) não apresentou ação relaxante muscular (teste rota rod) nem efeito depressor central (teste campo aberto). Parâmetros bioquímicos (uréia, creatinina, AST e ALT) e pesos corporal e ponderado de órgãos (coração, pulmão, fígado, rins e baço) foram avaliados após o tratamento crônico, sem apresentar alterações. No modelo de migração leucocitária induzida por carragenina para a bolsa de ar, o α-Fel (100 mg/kg, v.o.) reduziu a infiltração de leucócitos totais (**p<0,01). O α-Fel (50 e 100 mg/kg) reduziu significativamente os níveis de TNF-α, IL-1β, nitrito e a atividade da enzima MPO, além de aumentar a atividade da enzima antioxidante SOD. Os resultados sugerem que a ação anti-inflamatória e antinociceptiva do α-Fel esteja relacionada com a inibição da produção ou liberação de mediadores pró-inflamatórios, a migração de leucócitos e um possível efeito antioxidante.