AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTI-INFLAMATÓRIA DO FERULATO DE ETILA EM Rattus norvegicus.
Ferulato de etila. Fenilpropanóide. Atividade anti-inflamatória. Artrite.
A inflamação é uma resposta adaptativa fisiológica desencadeada por estímulos ou condições como infecção e lesão tecidual. A resolução depende de um complexo processo que envolve agentes humorais incluindo as prostaglandinas, interleucinas e produção de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio; e celulares como neutrófilos, leucócitos e mastócitos. Os fármacos utilizados para o tratamento de inflamação incluem os anti-inflamatórios não-esteroidais que podem ser nocivos ao trato gastrintestinal e os corticosteróides os quais possuem variados efeitos secundários, especialmente quando utilizados cronicamente. Nesse sentido, óleos essenciais, ricos em fenilpropanóis como o ácido ferúlico, têm sido utilizados no tratamento de afecções inflamatórias apresentando efetividade e baixa toxicidade. O ferulato de etila (FE) é um derivado do ácido ferúlico, um fenilpropanóide com atividades anti-inflamatória e antioxidante. O objetivo deste estudo foi investigar a atividade anti-inflamatória do FE em modelos experimentais de inflamação e os possíveis mecanismos de ação envolvidos na resposta. Para isso, foram utilizados ratos Wistar (150-210 g), machos e fêmeas. O modelo de edema de pata induzido por carragenina (1%; 0,1 mL) foi utilizado para avaliar a atividade anti-edematogênica do FE, seguido pela elucidação dos mecanismos de ação através da contagem total de leucócitos, atividade de mieloperoxidase (MPO), concentração do nitrito (NO2-), níveis de citocinas (TNF-α e IL-1β), avaliação da atividade da superóxido dismutase (SOD), catalase e concentração de tióis totais e espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS) em modelo de bolsa de ar subcutânea ativada por carragenina. A avaliação da atividade anti-inflamatória aguda, induzida por carragenina, e crônica, induzida por adjuvante completo de Freund (ACF), do FE foram realizadas através de avaliações do edema articular e tempo de elevação da pata (TEP) em incapacitômetro. O registro radiográfico da articulação com monoartrite induzida por ACF foi coletado no dia da indução e após 7 e 14 dias. Ao fim dos 14 dias de protocolo, estômago, coração, rins e fígado foram retirados para acesso a sinais de gastrolesividade, e toxicidade cardíaca, hepática e renal. O FE 25, 50 e 100 mg/kg v.o reduziu o edema de pata (p<0,001) induzido por carragenina da 1ª a 5ª hora nas doses de 50 e 100 mg/kg v.o. FE 50 e 100 mg/kg v.o inibiu a migração de leucócitos em modelo de bolsa de ar (p<0,001) bem como diminuiu a atividade da mieloperoxidase (p<0,001), SOD, catalase; aumentou as concentrações de tióis totais e diminuiu as concentrações de TNF-α e IL-1β, NO e TBARS. Na monoartrite induzida por carragenina e ACF o FE 50 e 100 mg/kg, v.o reduziu significativamente o edema e o TEP já na segunda hora após a indução (p<0,001). FE apresentou-se como condroprotetor nos registros radiográficos nas doses de 50 e 100 mg/kg, v.o (p<0,001). Não houve indícios de gastrolesividade ou toxicidade renal hepática ou cardíaca aparente. Os dados obtidos sugerem que o ferulato de etila exerce atividade anti-inflamatória através da inibição da migração leucocitária, do estresse oxidativo e da inibição de citocinas pró-inflamatórias.