O conceito de região consolida-se como um dos pilares fundamentais da ciência geográfica, presente desde a formação do pensamento geográfico até os debates contemporâneos. Ao longo de sua trajetória teórica, acompanhou as transformações do pensamento moderno, adaptando-se às diferentes escolas e abordagens da Geografia. Na atualidade, a região manifesta-se como uma unidade geográfica operacional, tornando-se instrumento essencial para o planejamento estatal. Por meio das técnicas de regionalização, os Estados modernos estabelecem divisões territoriais que servem como base para políticas públicas e estratégias de organização espacial. No contexto brasileiro, particularmente a partir da segunda metade do século XX, as regionalizações consolidaram-se como instrumento central no planejamento estatal. Esse processo que se intensificou após o Golpe Militar de 1964, quando o regime autoritário então instaurado passou a utilizar as divisões regionais como ferramenta de gestão territorial e promoção de seu projeto desenvolvimentista. Durante este período, o Estado nacional, por meio do IBGE, elaborou três regionalizações oficiais que se fundamentaram em teorias econômicas e geográficas. Dessa forma, as regionalizações tornaram-se mecanismos estratégicos que articulavam o conhecimento geográfico com as ações governamentais, servindo tanto à administração do território quanto à consolidação do projeto político-econômico do período militar. Diante destas perspectivas este trabalho procurou definir como questão norteadora: como as regionalizações aplicadas no Piauí, durante o regime militar, como possíveis percussoras desse processo, favoreceram o planejamento territorial mediante a busca de engendrar conhecimentos geográficos de cada espaço regionalizado, e o que cada plano de regionalização propõe a níveis locais ao se considerar a necessidade de articulação entre os territórios estaduais. Além disso, é crucial questionar também como o planejamento territorial aplicado no Piauí por meio dos planos de regionalização permite abordar os conceitos de região e regionalização a partir da influência dos estudos concentrados na Geografia. Com isso, a temática desenvolvida buscou responder à hipótese que discute se os planos de regionalização empregados no estado do Piauí durante o regime militar pensaram e operacionalizaram geograficamente, uma unidade territorial a ser pensada e ordenada a longo prazo, baseando-se principalmente nos conceitos de regionalização e suas potencialidades. Dessarte, considerando a importância de se trabalhar os estudos sobre a região e a regionalização empreendidos no território local, o objetivo geral proposto consiste em: analisar os planos de regionalização oficiais do IBGE e do Governo do Estado do Piauí, aplicados como estratégias desenvolvimentistas no contexto local no período correspondente à ditadura militar (1964 - 1985). Quanto a metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa, esta partiu das definições das características metodológicas dentre as quais consistiram na definição de uma pesquisa básica, de caráter descritivo e analítico, fundamentada em uma abordagem qualitativa. Utilizando-se das técnicas de pesquisa fundamentadas na pesquisa bibliográfica e documental, centradas principalmente em materiais de época que tratam da regionalização brasileira e piauiense disponíveis tanto em bancos de dados digitais e materiais impressos.  Os resultados parciais desta pesquisa indicam que os planos de regionalização do Piauí (1975 e 1976) tinham um duplo objetivo: por um lado, compreender a estrutura espacial local através da dinâmica cidade-região, por outro, implementar ações concretas para promover maior integração territorial, especialmente nas regiões sul e sudeste do estado, que à época se mostravam particularmente desarticuladas nas análises regionais. Verificou-se que esses planos incorporaram claramente os princípios das teorias dos polos de desenvolvimento e dos lugares centrais. Nesse contexto, foram estabelecidas hierarquias espaciais que definiam centros e subcentros regionais como pontos estratégicos para o desenvolvimento. Dessa forma, os planos piauienses refletiam tanto as preocupações técnicas do planejamento regional quanto os imperativos políticos do período, que privilegiavam modelos de desenvolvimento baseados na definição de polos. Assim, conclui-se parcialmente que os conceitos de região e regionalização no contexto piauiense, contribuíram para a consolidação da Geografia como campo de conhecimento e sua aplicação prática no planejamento territorial, onde esta assumiu um papel central, particularmente no que diz respeito à gestão do território e à sua organização político-administrativa, tornando-se elemento fundamental para a compreensão e intervenção no espaço piauiense.