Esta dissertação investigou como jovens envolvidos em produções teatrais expressam percepções de desconfiança institucional e interpessoal, explorando se essas expressões contribuem para a reconstrução de vínculos de confiança ou aprofundam a crítica às instituições políticas. Parte-se do pressuposto de que o teatro político pode funcionar como um espaço simbólico de elaboração coletiva, no qual afetos, memórias e experiências de exclusão são convertidos em crítica social e ação cívica. O objetivo central foi identificar temas recorrentes de desconfiança presentes nas narrativas teatrais juvenis e articulá-los a dados empíricos sobre confiança institucional e interpessoal no Brasil. A pesquisa adotou uma abordagem qualitativa, fundamentada[na análise de conteúdo aplicada a roteiros teatrais e em entrevistas semiestruturadas realizadas com jovens artistas participantes dos espetáculos. O corpus empírico é composto por quatro peças encenadas por um grupo juvenil em Teresina (PI). Os resultados evidenciam um padrão discursivo fortemente crítico às instituições estatais, com destaque para denúncias de desigualdade, violência institucional, racismo e silenciamento de vozes periféricas. Simultaneamente, emergem outras formas alternativas de engajamento político baseadas na coletividade, na criatividade e na reconstrução simbólica de afetos e pertencimentos. Conclui-se que o teatro político, nesse contexto, atua como forma legítimade participação juvenil e de reconfiguração da cultura política e democrática, ao tensionar modelos institucionais tradicionais e propor outras formas de ação e pertencimento coletivo.